Lixo, lixo
no cartão postal,
Mas está
meio escondido não faz mal
Com seres
humanos dependendo dele pra sobreviver
Há
crianças, há também animais
Cachorros,
urubus ou tanto faz
Ali é muito
mais difícil a vida entender
No alto, cata-ventos
geradores de energia
E pinturas rupestres de outrora de longos dias
O passado e
o presente formam um lindo postal
Todavia, em
baixo dessas vertentes há pilhas de sujidade
Imundície,
entulho quem adveio da cidade
Fetos,
seringas com sangue e lixo de hospital
Não há como
compreender tal contraste e descaso
Qual o
valor de uma vida por acaso?
Não, meu
espanto não é por haver o lixão
Muito menos
por ser em um local histórico
Que hoje é
mais que alegórico
Mas por vê
vidas em sub-humana situação
Há lixo sim,
há lixo no cartão postal
Há também
vidas e pra muitos isso é normal
Há
indiferença e esquecimento
E pouco se
faz pelos nossos irmãos que lá estão
Do lixo
tiram o sustento e sonham em vão
Todavia seguem com fé apesar do sofrimentoRikardo Barretto