quinta-feira, 28 de agosto de 2014

LIXO NO CARTÃO POSTAL



Lixo, lixo no cartão postal,
Mas está meio escondido não faz mal
Com seres humanos dependendo dele pra sobreviver
Há crianças, há também animais
Cachorros, urubus ou tanto faz
Ali é muito mais difícil a vida entender

No alto, cata-ventos geradores de energia
 E pinturas rupestres de outrora de longos dias
O passado e o presente formam um lindo postal
Todavia, em baixo dessas vertentes há pilhas de sujidade
Imundície, entulho quem adveio da cidade
Fetos, seringas com sangue e lixo de hospital

Não há como compreender tal contraste e descaso
Qual o valor de uma vida por acaso?
Não, meu espanto não é por haver o lixão
Muito menos por ser em um local histórico
Que hoje é mais que alegórico
Mas por vê vidas em sub-humana situação

Há lixo sim, há lixo no cartão postal
Há também vidas e pra muitos isso é normal
Há indiferença e esquecimento
E pouco se faz pelos nossos irmãos que lá estão
Do lixo tiram o sustento e sonham em vão
Todavia seguem com fé apesar do sofrimento

Rikardo Barretto



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

LUNÁTICO


Hoje ela apareceu luniforme
Com o mesmo fascínio de sempre...
Ela que encanta 
os corações enamorados,
Inspiram os poetas, os loucos,
Os desvairados e boêmios,
E embalam as serenatas
Dos perdidamente apaixonados...
E eles, os loucos...
Os enamorados...
E os poetas...
São seus habitantes mais ilustres,
Todavia nunca foram lá...
Pelo seu lume, entretidos estão,
Em tempo infinito...
Poesia em imagem...
Sonhos e canções...
Extravagantes cantam
Contemplando os céus...
Estão sujeitos as suas influencias
Como as plantas e o mar
E os ciclos das marés 
E suas ondas encapeladas...
E, assim, ela também me fascina,
Prende extremamente o meu olhar
E atrai a minh’alma bucólica
Tão facilmente
A ponto de me tornar também

 Mais um lunático.

Rikardo Barretto