Sinto-me em mim,
No abraço que a noite,
Ternamente, me dar.
No seu seio cheio de mistérios,
Resvalam as horas
E traz a plácida madrugada
Imensa de enigmas e riquezas...
Tal é o silêncio
- Ouço meus pensamentos
Em um sobre-humano
E atemporal instante
(Como névoa da aurora
Aureolando meu olhar
A vê-me, a mim mesmo,
Em profícua e recrudescente reflexão)
Vejo-me em mim,
Ora instável, ora absoluto.
Em um retrato lancinante
E abstrato do meu ser interior.
No noturno momento,
no ardor de tal abraço
Vocifera a solidão
Em rio transbordante,
Em correntes de melancolia e tédio.
E os audíveis e os quase
Imperceptíveis sons da
noite
Vibram, dispersam-se...
Transpõem os campos
E os montes e enredam-se,
Perspectivam-se
Inerentemente arrefecidos
Sobre a imensidão de lúrido horizonte.
E nesse amplexo complexo
Contemplo os céus,
Miro o longínquo.
Vejo as raízes etéreas
Das cintilantes estrelas
Arraigando-se no solo do meu coração
Rikardo Barretto
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