No transitório silêncio
Em minha'alma
À mercê do tempo e das horas
Porém ao meu bel-prazer
Arrebatado sou no regaço da noite
Aquém de devaneios
De um sobre-humano olhar
Além de desvairados pensamentos
Sob o fulgor das estrelas
E do luar de outono
Desentranho-me em meus intrínsecos
Segredos e mistérios
Envolvendo-me,
Abraçando-me a noite
Nas suas reentrâncias inefáveis
Eleva-me a incertos desígnios
E ensina-me sem qualquer palavra
No voo do pássaro noturno
Nos campos cobertos pelo breu
De mais uma noite de outono
Avisto ao longe
No horizonte quieto
O lume translucido das luzes
Da cidade
Tácito as observo
E assim fico por um certo tempo
inebriado e extasiado
No tempo unânime e atemporal
No mais simples momento
De estimável valia
Nessa cadência
Meus pensamentos vão sendo
Lavrados no absoluto
Silêncio da noite